Ontem
Conversando com alguémQue eu não sei o nome
E vive dentro de mim
Fui reparando o quanto de mim some
Quando você some assim
O quanto arde
Ver suas unhas longas e vermelhas
Me arranhando o fim
Mas você sempre me viu tão calmo
Tão paciente
Não estaria acostumada
A me ver tão demente
Fazendo algazarra
Na porta do seu hotel
Quem sabe ir mais além
E atravessar sua pele
Ou menos, ser pequeno
E não passar do papel
Não passar de um cara
Olhando o céu
Com os olhos grampeados
Nos seus cabelos
Como cortinas
Soltas ao vento
Sinto petrificar-me as retinas
E os ouvidos atentos
Mas os pássaros estão mais calados
E até preguiçosos, nem levantam voo
E eu vou
Vendo quanto de mim some
Quando o pensamento me consome
E louco que sou
Escrevo
Pra sumir de pouco em pouco