Que meus pais esperavam qualquer coisa
Menos
Gerar um poeta
Espinho
Que sangra ao tocar em flores
Dei muito trabalho a eles
Acordados durante a noite
Tentando me acalmar
"Calma filho
Não tem nenhum poema debaixo da sua cama"
Mas tinha
E tem
Debaixo da cama dentro do armário dentro das gavetas dos bolsos no quintal de noite derrubando as panelas abrindo a torneira da pia do banheiro jogando pedrinhas na minha janela me chamando pra sair puxando o meu pé
Um dia eu sai
E nunca mais voltei
Nunca saberei se foi um sonho. Ou se ainda é.