Archive for julho 2013

7/31/2013 0

O meu telhado de lembranças (dueto com Paulo Alonso)

By Almi Junior


O meu telhado de lembranças
Virou pó e foi lançado
Sem dó
No meu chão de andanças
Os pés perdidos confusos
Os pés pelas mãos
Os dados pelos dardos

Espalhados
Unha e carne
Eu do seu
O fardo que me infarta
É seu passo virando sombra na multidão


Estas telhas que quebraram
Sem dó
Partiram meu chão
Estas sombras de teus passos
Partes, Passam
como a solidão
Vivo caindo no passado
Espalhado
Guiado só na contra-mão
Vou ao sol, à lua, aos teus abraços
Pra não lembrar,
lembrando,
Nossa união

Este ar pesadoa
Rarefeito
E o raro efeito
Que só dividimos nós
Quando dividimos dois sóis
Ao meio
Ainda em receio
Sinto a cor dos teus cabelos
Arranhar minhas paredes
Telhado de desertos
Aumenta a minha sede


Busco a água da fonte
No horizonte lá atrás
Uma sereia na ampulheta
Na cascata de areia
Seria muito fugaz?
Teus cabelos em teia
Me prendem entre teus seios
Um leve devaneio,
de uma alma em desespero
Em busca de um meio,
Uma forma,
sua forma,
De viver em paz


(Almi Junior e Paulo Alonso)

7/30/2013 0

Não mais

By Almi Junior


Não espere
Eu moro em outro estado
De espírito
Flutuo
E habito 
Outros planos
Experiência
De sentimentos ciganos
Como se estivesse
Numa caixa de sapatos
Ou numa embalagem
De uma bala
Que não me fere
Eu não estou do mesmo jeito
Nem procuro me ajeitar
Estiro um papel
E me deito
Não me espere
Para o jantar
Espere
E veja nos jornais:
Extra! Extra!
A mesma coisa de sempre,
Jamais.

7/22/2013 0

Momento qualquer

By Almi Junior


Me disperso
Mas não me despeço 
Feito luz, atravesso
Como raio de sol atravessa o copo
E faz luzes que dançam na mesa
A minha declarada incerteza
Cabe na estranheza de um corpo
Humanamente insuportável
Equilibrando numa alma instável
Vivendo em um mundo cada vez mais calculável
Calculoso
Calculista
Eu tenho problema de vista
Mas enxergo bem
Nossos corpos estirados na pista
De um futuro ainda menos poético
É por isso que eu, cético,
Mas não pessimista,
Vivo fiel a minha fé:
A fé de que a poesia insista

7/18/2013 0

Amanheceu arte

By Almi Junior


Eu vi um olho no meio do asfalto hoje de manhã

A chuva deixou uma poça d'água
No meio do asfalto
E os carros e motos que por ali passaram
Fizeram traços
E desenharam um olho meio do asfalto

Os reflexos ondulosos na água
Repetiam o brilho de um olho
Como se o chão estivesse me olhando
Como se soubesse que só eu havia reparado
Dentre tantas outras pessoas
Carros e motos

Era como se a arte
Tivesse encarnado
Numa das manhãs mais pálidas de Teixeira de Freitas

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