Todas as manhãs
E contemplo a imensidão de rotinas
Enchendo as minhas retinas
Eu vejo os veículos perfurarem
O vento
E ficamos presos no tempo
E em nós mesmos
Prisão feita de gritos pálidos
De olhares gelados
E abraços frouxos
O amor ainda mora aqui
Mas ninguém faz questão de chamar ele pra sair
Eu vejo as nuvens salgadas
Me perguntarem
Porque é que sai sal dos meus olhos
E porque transpiro solidão
Eu vejo o céu me chamar
Minha alma quase me arrebenta o peito
Querendo se libertar
Ganhar cada constelação
Beijar cada astro fervente
Minha alma quer deixar de ser semente
Quer penetrar no solo
Germinar
Virar plantação
Eu vejo a hora de parar
Mas não me vejo obedecendo horas