Archive for 2013

12/04/2013 0

Permanência

By Almi Junior


Sem muito esforço
Te pressinto
Do lado oposto

O gosto
Ainda fica
Com o reforço
Da sua voz dentro do espelho

Eu torço
E reforço
De remorso
Não fica uma centelha

Os versos vão se quebrando
Como cacos de vidro
Espalhados no céu
Pra que outra estrela se revele

Eu continuo caminhando
Sobre um sono ainda não dormido
Me embrenhando no véu
Da sua pele

11/22/2013 0

Solidão que ainda vai chegar

By Almi Junior


Pegar o Ipiranga
Às nove da noite
Confirma ainda mais
A minha solidão.

O silêncio barulhento
Das peças daquele imenso veículo
Não me deixa ouvir
Meus próprios pensamentos.

Eu me acalento
Na minha existência
Ou na brevidade dela.

Não há tristeza
Nem mágoa.
Me sinto como uma folha de papel
Em baixo d'água
Dissolvendo em lembranças.

A solidão 
é uma meditação involuntária.

Eu lembro
De como eu imaginava
Que o seu riso era criação de Dali
E dali em diante
Eu via diamantes
Nos seus olhos
Toda noite
Antes de dormir.

Eu sonhava que eram eles
Atrás da minha cortina.

A solidão 
é uma meditação que não termina.

11/07/2013 0

Viagem imóvel

By Almi Junior


Era como um teste
Por dia

A luz acesa do banheiro
Montava em minha cabeça
A sua silhueta cruzando a realidade
Como se manipulasse meus devaneios

Era como permanecer o dia inteiro
Nadando em outra verdade

O gemido das árvores
Tinha a sua vaidade

Não existe poema
Que aguente cinco segundos
De sua saudade

10/30/2013 0

Dilema fora de casa

By Almi Junior


Havia um espaço
Entre a porta
E a calçada
Era como se ficasse encravada em mim
A ideia
De que eu nunca saberia
Se deveria descer
Ou permanecer

Ouvia o sinal
Vai descer, moço?
Decide logo

As pessoas não tem saco
Pros meus diálogos comigo mesmo
Estão muito ocupados
Estão todos atrasados
O olho sempre no relógio
E o outro olho atravessado
Em mim
Que não sei se desço
Ou fico

Na verdade
Estão todos
Esperando que eu responda
Estão todos com medo
De cair no vão

Sabem que é sempre um poeta
Que toma essa decisão

10/16/2013 0

Verso interminável

By Almi Junior

Um verso da cor
Dos seus olhos
Veio em forma de 
Espelho do céu
Dentro da minha atenção

Por alguns segundos
O verso ficou bem diante dos meus olhos
Como um feitiço
Um sonho suspenso no ar
Verso com cheiro
De pele sua

Um verso do tamanho
Da rua
Um verso virado
De esquina
Um verso com jeito
De menina

Um verso
Que não tem rima
Que não
Termina

9/25/2013 0

De vez em quando, estar

By Almi Junior


De vez em quando
Queria apenas estar
E deixar de ser
Qualquer coisa que seja
Qualquer ser que seja

Abandonar o verbo
Por completo
E estar

Na mesa de dominó
Na praça da igreja
Nas esquinas
Com os meninos
E o violão
Descalço
No asfalto
Ou fora dele
Por um momento
Não ser nada
Além
Da minha própria existência

Sem reticências ponto final virgula ponto e virgula dois pontos crase apóstrofo hífen abre aspas ponto de continuação

Como raspas de pão
Que todo mundo esquece sobre a mesa

Estar 
Sobre
Nada
Além de mim

9/18/2013 0

Poema breve

By Almi Junior

Tenho a sensação
De estar sempre perdido
Como um pássaro cego

Como um pedaço do universo
Que se desgruda
E compõe canções
À beira do abismo

Me sinto
Como um cisco
No olho da eternidade

Na verdade
Tenho a sensação
De estar em toda parte
Ou pelo menos
Essa é a sensação 
Que eu queria ter

Pertencer
Despertencer 
Solto
Como uma das penas
Da lua lá fora

9/04/2013 0

Imagem presa

By Almi Junior


A sua imagem
Permanece intácta
Como uma flor na superfície da água
Que não se move
Na falta de violência
Das correntezas 
A paz abriga em meu olhar
A sua imagem
Reflexo adormecido
Folhas que se recusam a sair da árvore
A sua falsa estátua
Holográfica
Telepática
Apática 
O reflexo da sua ausência
Me atrapalhando a estrada
A sua saudade
Bigorna
Amarrada em minha gravata
O infarte instantâneo
A sua imagem
Nas paredes do labirinto
Faz nascer em mim o instinto
De escrever
Tudo o que sinto

8/30/2013 0

Dimensões distintas

By Almi Junior

O mais comum
É que me atinjam
No meio da noite
As cores que brotam
Do seu perfume
Namorando o vento

Abro os olhos
E sigo existindo em sonho
Ou finalmente
Enlouqueci

Acordei sem pressentir
O susto de estar
Em algum
Universo paralelo
Aquário desconhecido

Para o elo
Que nos une
É a luz
Dos seus olhos
Que assume
O meu caminho agora

Me sinto em paz
Assim
Perdido

8/14/2013 0

Sua pele, a noite e uma música

By Almi Junior


Uma noite inteira no seu nome
Sintomas estelares
No céu da minha boca
Sua voz rouca
Do outro lado do telefone
Amanhecendo sonhos aqui

Ouço uma música
Paro
Me atento à letra
Ela te faz poema
Te recita
Faz de sua pele noite preta

Preta 
Sua noite
Faz pele
Na minha 
Pele
Faz música
Na acústica da sua
Pele

Vejo tardes
No seu quarto
Observando o seu olhar taciturno
Meu sorriso ensolarado
Contradiz nosso amor noturno

8/06/2013 0

Um poema na sua mão

By Almi Junior


Na desconjuntura de um poema rio
Meus versos sacodem
E eclodem
Nas paredes de um sentimento bom

Eu revivo a temperatura da sua voz
E reencontro o tom

Na foz do meu desejo
Nosso beijo vira som

O meu poema fica manso
E dorme entre folhas n'água e reflexos escuros prateados
Dissolve de nós os cadeados
E os céus se refazem
Na palma da sua mão

Eu componho mentalmente
Uma cena inteira
Com você ali em pé
Perto da pia
Lavando os meus olhos com seu sorriso

7/31/2013 0

O meu telhado de lembranças (dueto com Paulo Alonso)

By Almi Junior


O meu telhado de lembranças
Virou pó e foi lançado
Sem dó
No meu chão de andanças
Os pés perdidos confusos
Os pés pelas mãos
Os dados pelos dardos

Espalhados
Unha e carne
Eu do seu
O fardo que me infarta
É seu passo virando sombra na multidão


Estas telhas que quebraram
Sem dó
Partiram meu chão
Estas sombras de teus passos
Partes, Passam
como a solidão
Vivo caindo no passado
Espalhado
Guiado só na contra-mão
Vou ao sol, à lua, aos teus abraços
Pra não lembrar,
lembrando,
Nossa união

Este ar pesadoa
Rarefeito
E o raro efeito
Que só dividimos nós
Quando dividimos dois sóis
Ao meio
Ainda em receio
Sinto a cor dos teus cabelos
Arranhar minhas paredes
Telhado de desertos
Aumenta a minha sede


Busco a água da fonte
No horizonte lá atrás
Uma sereia na ampulheta
Na cascata de areia
Seria muito fugaz?
Teus cabelos em teia
Me prendem entre teus seios
Um leve devaneio,
de uma alma em desespero
Em busca de um meio,
Uma forma,
sua forma,
De viver em paz


(Almi Junior e Paulo Alonso)

7/30/2013 0

Não mais

By Almi Junior


Não espere
Eu moro em outro estado
De espírito
Flutuo
E habito 
Outros planos
Experiência
De sentimentos ciganos
Como se estivesse
Numa caixa de sapatos
Ou numa embalagem
De uma bala
Que não me fere
Eu não estou do mesmo jeito
Nem procuro me ajeitar
Estiro um papel
E me deito
Não me espere
Para o jantar
Espere
E veja nos jornais:
Extra! Extra!
A mesma coisa de sempre,
Jamais.

7/22/2013 0

Momento qualquer

By Almi Junior


Me disperso
Mas não me despeço 
Feito luz, atravesso
Como raio de sol atravessa o copo
E faz luzes que dançam na mesa
A minha declarada incerteza
Cabe na estranheza de um corpo
Humanamente insuportável
Equilibrando numa alma instável
Vivendo em um mundo cada vez mais calculável
Calculoso
Calculista
Eu tenho problema de vista
Mas enxergo bem
Nossos corpos estirados na pista
De um futuro ainda menos poético
É por isso que eu, cético,
Mas não pessimista,
Vivo fiel a minha fé:
A fé de que a poesia insista

7/18/2013 0

Amanheceu arte

By Almi Junior


Eu vi um olho no meio do asfalto hoje de manhã

A chuva deixou uma poça d'água
No meio do asfalto
E os carros e motos que por ali passaram
Fizeram traços
E desenharam um olho meio do asfalto

Os reflexos ondulosos na água
Repetiam o brilho de um olho
Como se o chão estivesse me olhando
Como se soubesse que só eu havia reparado
Dentre tantas outras pessoas
Carros e motos

Era como se a arte
Tivesse encarnado
Numa das manhãs mais pálidas de Teixeira de Freitas

6/27/2013 0

A avenida ali perto da sua casa

By Almi Junior


Prefiro estar
Entre o seu exagero desvairado
O seu abraço apertado
E com fome
Ali entre o seu nome
E o (seu) lugar
Que nunca sai de mim

Morada de sua voz
Ponte pra sua pele

Eu sei que o céu
Perde a atenção
Quando você acorda
E os pontos separados no universo
Se perdem

Eu viro a esquina
E a avenida imita a sua cor
Este frio
É como um beijo seu dentro do arrepio

6/21/2013 0

As ruas de junho

By Almi Junior


Nunca imaginei tal possibilidade
Limites que fogem de minha realidade
E de tudo que já vivi neste lugar

Queima como uma lágrima de ácido sulfúrico
Desbrava
Reinventa limites
Põe mais lenha na fogueira
Pr'agente lutar
Mudar o curso dos carros
Das atenções
Das coisas

Na força de uma flor perfurando o asfalto
Eles gritam cada vez mais alto
Atingem outras verdades

Nunca imaginei tais proporções
Os nossos corações
Dividindo as mesmas vontades
Tinta no rosto e nos cartazes

Eles mal sabem
Mas já nascemos capazes

6/07/2013 0

Observação

By Almi Junior


minha armadura na sua garagem.
eu quis parar
mas o sabor dos seus olhares
nos muros de todos os lugares
carimbaram no tempo.
encardiram o meu destino.

minha locomoção
perdeu rumo.
eu, ali, menino
sem alento.

mas um sorriso vem vestir meu rosto.
a noite vira um vestido seu.

6/03/2013 0

Imaginação

By Almi Junior


O som do chuveiro
Na sua pele morena
Faz sinfonia
Com os outros sons
E silêncios da casa
O lugar inteiro
É tomado por uma paz
Serena
Em imensa harmonia
Com os sentimentos bons
Que escapam da sua asa

O seu pé pequeno
Embaça o piso
E eu me vejo vidro
Embaçado frente a sua pele
Quente

Você sorri
Amarra o cabelo
Coloca a presilha perto do espelho
E eu escuto Flake no meu imaginário
Mas tudo não passa de loucura poética

5/23/2013 0

Metáforas do seu nome pelo caminho (dueto com Natácia Araújo)

By Almi Junior


Eu vi um sol enorme
Queimar seu nome
No asfalto do centro

Os pneus choravam a sua ilusão
E eram levemente acariciados pelo vento

A sua voz some
Ao entardecer


Eu vejo a sua imagem crescer
Nos poros da cidade



Eu vi um encontro ungido
resfriar teus versos jorrados.


E nas calçadas emudecidas,
dos teus olhos estancados de chuva,
dopar uma saudade amplificada
por tuas mãos desalinhadas...


(teu verso em terra azul gritava
as letras presas na calçada...)

Eu caí num vão
Entre o seu calor em pessoa


Espaço onde a minha frieza voa


Atrás dos seus passos
Perfurando o chão


Seu perfume impregnado nos canteiros
As flores que nascem nos bueiros
Um bar com o seu nome


Você se move na minha corrente sanguínea                             
Não existe linha reta pro teu caminho


Seu perfume no trajeto incerto
(Seu suor tem sabor de vinho)

Traduzo teus contornos com raro brilho
Inundação da tua saliva em meu verso de língua
Descubro então, o calor nas ladeiras de um beijo
Onde tuas partículas enroscam-se em meu satélite.
Teu dragão suspenso em meu desconhecido
Faz mistério nos mergulhos.
Vou-me de barco nas tuas veias apertadas
Orientando-me nos mapas dos teus ossos tomados de corte
A placa do bar grita nua,
Quer projetar asas nas tuas costas.
Nossos restos misturados como pequeninos órfãos,
Movimentam os verbos telepaticamente.

(Almi JuniorNatacia Araújo)

5/14/2013 0

(Re)partida

By Almi Junior


Um poema vem sussurrar
Ao meu ouvido
Fica bem no lugar
Do zumbido
Da sua imagem se afastando

Ouço coisas
Que geralmente saem da sua voz
E batem nos meus olhos

Senti saudade
De só olhar os lábios
Imaginá-los em câmera lenta
Escorregando meu pensamento na suavidade
Do seu hálito em menta
Seiscentos e setenta flashes
De um momento que ainda nem terminou
Estou bem ali
Vivinho
Fervendo no seu presente
E me vou
Mas não deixo seu tato sair
Da minha pele

Que fique bem claro
O clarão do seu sorriso nunca me dorme

5/02/2013 0

Rascunho olhando a janela

By Almi Junior


Venho através desta
Em linhas dispostas
Me internalizar
Fazer voz de festa
Escrever a frente das palavras
Nas costas

Aos que ainda não aprenderam a ler
Meus inversos
Eu traduzo:
Eu falo
Pelos que não têm voz
A minha voz
É pros que não podem ouvir

Eu uso das palavras
Pra soltar aves que somem do olho
Pra libertar identidades que precisam nadar nas funduras

É pra vozificar o espírito

Estou começando a delirar?
Estou começando a assustar?
Imagina quando eu grito.

4/29/2013 1

Passeio em olhos morenos

By Almi Junior


Entre uma folha e outra
Eu me despercebo

As letras parecem marcas das suas unhas em azul metálico
E todas as outras cores que sua presença deixa em mim 

É um instante em que se pode caminhar de tão sólido
E dura apenas alguns segundos
É um sabor que não deixa passar
Sabor de eclosão dos nossos mundos
Mudos

Nossos olhares tem o mesmo gosto das primeiras vezes
Mesmo em outros lugares
Eu sei que o seu calor está ali
Dormindo nas linhas do meu lápis
Indignos de te escrever

Tudo isso é um pensamento que me atravessa feito uma bala. Eu acordo e percebo o quanto de sua boca me permaneceu. Nessas horas não sou eu. Desculpe. Eu perdi a concentração. É que minha alma saiu pra passear no quintal do seu olho.

4/22/2013 1

De quando encontro o seu encontro de outro dia

By Almi Junior


Eu costumo te encontrar
Em algum poema novo
Em algum jeito de caminhar
Em um problema que não resolvo
Nem tem solução

Eu te encontro

Quando ouço falar de pedras recostadas no muro
E de flores que só florescem uma vez por ano
Essas coisas que não se ligam na realidade
Mas constroem pontes de sua lembrança

Esse é o desengano prático da sua projeção
Achar-te até onde não é lugar de achar
Quando um espaço inteiro se apodera de sua imagem
Como uma rua congelada no tempo

Os mesmos carros
As mesmas sandálias na barraquinha perto do poste
A mesma falha na calçada
A mesma rua

Eu dobro a esquina
E esbarro numa lembrança sua

4/17/2013 1

Detalhes me torturam

By Almi Junior


Detalhes me torturam
O universo
Todas as coisas que nele estão
As coisas que não duram
Cada partícula
Partitura
Cada signo
Cada coisinha no chão
Cada um desses chás servidos agora
Uma folha sendo pisada lá fora
Um por um
Todos os elementos juntos
Todo esse movimento
Todos esses relógios eclodindo em nós

Que horas são?
Pra quê?

Eu não dou conta do que me rodeia
Sua voz 
No reflexo da televisão
Seu cheiro
Em um farol na contramão 
Eu não dou conta da centelha
Que o seu toque cria
Quanto mais do incêndio
Que seu beijo inicia

Eu vou explodir na sua gaveta

4/11/2013 0

Nosso amor não é orquídea

By Almi Junior


Nosso amor não rende 
Uma matéria na mídia
Nasce numa flor entre pedras
Vento entre prédios

Nosso amor não é orquídea

E mesmo com toda essa barulheira
Som de freio buzina batida britadeira
A sua voz é a primeira que beija os meus ouvidos
Antes do som do sol
O som do seu sorriso é o primeiro que escuto

Entre versos comprimidos
E o escuro perdendo pra luz da lua
Telhado do nosso amor é este viaduto

A noite nua
E você
Imagens que bloqueiam sons
De britadeira batida buzina freio

Nosso amor não é taça de champanhe
É caneca de lata
Que cabe um rio inteiro

Aqui debaixo do viaduto
Nosso amor é coberta.

4/10/2013 2

Imagem intrusa

By Almi Junior


me vi ali
atrás da porta
atado
a sentir o sabor do seu cheiro
que vem da fresta

imagem tua
em espuma
me sequestra
a razão

vejo que teu sabor
vem com uma cor de não
vejo que teu sabor nem ali está
nem te vejo

acordo coberto de desejo
é tudo que disponho

não havia porta de fato
eu havia te olhado
pela fresta de um sonho

4/02/2013 0

Convulsão atrasada

By Almi Junior


depois ficavam espaços que nem sei de onde surgiram. nem quero.

eu permanecia aonde os pássaros dormiam
gostava do som do lado do seu hemisfério
dormia e acordava ali
dava pulos e surtava de risos
numa nuvem de plumas suas

assunto sério
não dorme
não deixei ainda

pra não ter ida nem vinda
meu corpo balança e permeia seus poros erguidos.

você reclama
os dedos numa xícara de infância
dentro um espelho
reflete você piscando no escuro agitado.

eu falo coisas que não cabem no entendimento
não rende nada além de conversas com cor de programa de tv tedioso.

mas você ri
sabe que é só uma tentativa
de eu não morrer na expectativa
de ver seus passos molhados depois do banho.

3/28/2013 0

Dos seus olhos

By Almi Junior


Meus olhos encheram
Seus olhos
Pareciam dois faróis de xenon 
E mexeram
Escreveram
Tudo o que há de bom
Pela extensão da noite
Seus olhos vieram 
Deixaram tudo no tom
Tocaram e fizeram céus
Que cabem na boca
Minha boca se encheu
Da luz dos seus olhos
Mesmo escuros
Brilhavam inigualavelmente 
Atravessavam os muros
E os urros da minha alma
Acordavam
Todos os nossos sentidos
Eu deitei
E quis pensar que dali dos seus olhos
Saíam imagens que nem conheço
Saíam histórias que ainda não sei

3/20/2013 0

Em sonho

By Almi Junior



Os olhos fazem estrada

Para as histórias caminharem 
Com calma
E deixarem seus passos

Rasos como uma manhã gelada
Profundos como um abismo na alma

Os sorrisos vão se construindo pelo caminho
Os dentes vão deixando marcas
Mordendo nosso encontro com carinho

A brancura me cega
Para que eu finalmente enxergue 
E para que nada me acorde
Dos sonhos que sonho em sua boca
Nem me impeça de morar
No sabor que deixam seus passos 
No meu peito

Desafio a lógica a me mudar

Desfiar a sua boca na minha
Em noite de luar
É de preceito

Mesmo quando estiver em sono
Quando não me encontrar
Entre as luzes falhas
E as migalhas de um antigo abandono
Me encontro em relevo 
Nos beijos que te dou em sonho

3/15/2013 0

Deixar

By Almi Junior


Eu não soube decidir
E nem se propuseram a decidir em meu lugar
Me aperta a confusão
Ter de deixar de ser só folha presa ao galho
Na comodidade dos ventos que sempre vão vir
No carinho das chuvas
Eu não sei pra onde ir
Eu quero estar em meio
Quero fazer sombra
Mas me assombra ter de cair
Ter de deixar-me ser recolhido
Mas sinto um medo desmedido
Em sair
Numa hora dessas
Queria ter tido oportunidade de escolher o início
Mas eu já acordei no meio do filme
E não sei os nomes
Quantas cenas já se passaram
E ninguém quer voltar pra eu saber como foi
Numa dessas
Queria ter sido correnteza
E apenas correr
Ninguém me para
Ninguém me muda
E a minha violenta pressa
Seria minha maior beleza

3/07/2013 0

A vida veio conversar

By Almi Junior


Acordei assustado
Por causa do baque
O choque
O impacto
Do meu pacto contigo
Rompido
Que fez o curso das coisas que acredito
De uma hora pra outra
Mudar
E eu sentei com a vida
Numa mesa de bar
E ela me disse
Rapaz,
Você pensa demais!
Primeiro arruma esse cabelo,
Troca esses óculos
Olha pra trás!
De que adianta?
Eu sei muito bem o que te encanta
Mas é que você gosta tanto de escrever
Que é melhor nem te dizer
Vai que você perde o sentido?

A vida tomou o baralho das minhas mãos
E continuou me dando lição
Agora acabou, rapaz
Eu dou a última cartada
Para de falar besteira aí
E paga mais uma rodada

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