Pra ser qualquer outra pessoa
Menos a que eu pretendi ser
Talvez eu tenha morrido
E qualquer palavra me soa
Como espinhos saindo da minha pele
E eu sinto arder
Sinto sangrar
Toda poesia em mim
É uma cirurgia delicada
Traz o bisturi, temos que cortar
São estes versos que estão deixando ele assim
Com a garganta tão calada
Talvez eu tenha nascido
No que escrevi esses dias
Ou no que acabo de escrever
Talvez a poesia tenha me parido
Pra versificar suas agonias (ou as minhas)
Ou pra morrer
Palavra por palavra
Dia após dia
De poesia em poesia